Neste domingo 26 de setembro de 2010, estava como um animal enjaulado em Rio Negro, querendo sair desenfreadamente para uma aventura, qualquer que fosse, mas tinha que sair, no entanto com um detalhe, tinha que ter escalada.... rss
Bem lá pelas 10:00hs me mandei para explorar as proximidades, e desta vez ia sozinho, pois o mais novo camarada na região, o Serginho, estava viajando e então lá fui, eu e meu golzinho, rodei um monte para achar umas paredes mais acessíveis que o Serginho já havia me mostrado, mas a região é broca, tem estrada pra tudo quanto é lado, muito fácil de perder-se, e em algumas por muito pouco não fiquei atolado no banhado, uffaaa.... depois de um bom tempo rodando, queria acessar a parede por cima pra rapelar e inspecionar alguma possível linha, mas acabei só achando o acesso por baixo e lá fui eu.
Abortei a idéia de equipar algo naquele dia e resolvi tentar andar pela base das paredes, e após uma caminhadinha, lá estava chegando aos pés delas, quando de repente ouço um barulho de um animal pesado logo acima na base das paredes, fiquei um pouco apreeensivo, pois estava lá sozinho e ninguém sabia onde eu estava, pensei: "E se for um bicho grande? Tipo uma jaguatirica?" Bem tentei me comunicar com ela, mas sem sucesso, tudo ficou no mais completo silêncio, resolvi subir cautelosamente, dei de cara com um mocó perfeito pra bivaque e dois grandes blocos de bolder que deve sair uns bolders difíceis, mas tem que limpá-los, esse lugar fica exatamente embaixo do grande teto que se vê na direita da foto, e comecei a ir para a esquerda, a caminhada ali foi bem tranquila, por baixo das paredes, estas são um pouco sujas e também alguns trechos com poucos agarras e outros lisos, mas tem potencial.
Segui meu objetivo de explorar e subi caminhando por uma grande fenda, onde encontrei umas ossadas de boi e subi mais, a passagem é bem bonita, até que fui recompensado, uma linda fenda em arco de uns 15m, toda para proteções móveis, deve dar algo difícil, pois os pés são chapados, fiquei muito empolgado com o projeto e logo volterei com o Sérgio para trabalhar a linha, que acabei de antemão dando o nome: "Arco de Buhl" em homenagem à Hermann Buhl, pioneiro que em 1953 conquistou em solitário e sem oxigênio suplementar, o cume do Nanga Parbat de 8125m, realmente uma façanha ainda hoje respeitável, pois sua escalada exprime o verdadeiro espírito da paixão do homem pelas montanhas.
Um pouco mais à frente a parede tinha umas formas estranhas, como que várias meias bolotas encaixadas umas nas outras, de repente veio a melhor recompensa do dia, uma família de macacos na copa de uma árvore bem próxima, foi possível até fitar um deles nos olhos, este mostrava-se curioso, tal como eu, e lentamente nos despedimos sendo que cada qual seguiu seu caminho.
Ainda explorei a base de uma aresta que me havia chamado a atenção e confirmei que será possível apesar do começo um pouco difícil, enfim fui retornando ao local onde havia deixado o carro e após uns contratempos num riacho (tombo sentado na margem com pé atolado até a canela rss).
De volta ao carro fiz meu lanche sussegado e segui de volta à área urbana de Rio Negro por estrada de chão, acabei conhecendo um pouco melhor a região, e já empolgado com possíveis projetos em vista.
Kurt após ter solado uma via em Frankjura pega um caneco de cerveja alcançado por um de seus amigos, buscava com isso patrocínio, a idéia não foi muito bem recebida pela empresa rss.
