domingo, 31 de janeiro de 2016

ARCO DA VELHA

Em julho do ano passado estivemos eu, o Ricardo e o Formigueri numa trip para Salinas, no Parque Três Picos, o objetivo da viagem era a via "Arco da Velha" que deve ser algo como VI 7a E3 D5 700m, no Pico Maior de Nova Friburgo, o início da viagem foi uma correria que só, marcamos de viajar na segunda de madrugadinha e domingo eu ainda estava em Mafra e parti para a Lapa para uma competição de mountain bike, 33km de muito barro, cheguei em casa quebrado mais à tarde e dá-lhe arrumar mochila, e a segunda-feira foi o dia todo na estrada até chegarmos lá pelas 20 horas na casa do Ticano e da Lu que eram nossos anfitriões, nos receberam superbem demais e ficamos trocando idéia até quase meia-noite!
A idéia incial era descansarmos na terça e entrar na via quarta, mas nós fugindo da chuva, chegando lá o tempo estava firme demais, não nos contivemos, entramos na via logo de cara, na terça mesmo, e 5 da matina já estávamos subindo de carro até o Mascarin, entramos na via lá lá pelas sete, na aproximação já percebi que minhas pernas não estavam lá aquelas coisas, porque será? kkk
Fez um dia estupendo, mas no entanto não havia nuvens e o sol castigou bastante, fomos revezando as cordadas, e a via foi logo nos mostrando que era paulera e na quinta cordada empinou bastante, um puta headwall, fomos sentindo a exigência da via, juntamente com o sol inclemente, somado ao nosso cansaço e admito despreparados para ela, pelo menos de minha parte, não estava escalando frequentemente, e estava bem acima de meu peso quando fazia "estas coisas" com mais frequência rs, A cada cordada a via nos sugava as energias, estávamos lentos na parede, e quando chegamos ao platô da oitava cordada, já nos encontrávamos na sombra, no fim de tarde, e percebi que não estávamos bem, todos os três bastante cansados, o Ricardo apresentava sintomas de insolação, e tentamos comer um sanduíche, e este enrolava na boca parecendo uma massa pra assentar tijolos kkk, percebemos que se bobeássemos iríamos dormir na parede, à noite poderia esfriar bastante e confesso que não estava nos planos um bivaque ali naquelas redondezas, debatemos a situação, a vontade de subir era grande, mas era preciso reconhecer nossos erros de estratégia.
Devido à dificuldade de rapelar pela própria via(diagonais), optamos por descer direto pela "pai granito", porém sua parada estava a uns 12/15 metros à esquerda, e após coragem e engenhosidade começamos os rapéis e logo caiu a noite.
A descida foi também lenta pois não conhecíamos a "pai" mas confiávamos no croqui do Serginho, que é muito preciso, e com apenas um pequeno contra-tempo (passamos direto uma parada) e após corrigir enfim chegamos à base, só que a base é um trepa-mato de uns 80/100 metros, e mais um pouco de bate-cabeça, estávamos na trilha, daí foi tranquilo.
Fiquei satisfeito com esta escalada, escalada de gente grande rs, aventura é assim mesmo, pagamos pra ver mas não sabemos o resultado, nem sempre é o que desejamos mas vamos aprendendo com o que a montanha tem a nos ensinar.
Ficamos uns dois dias "moados", só admirando as paredes, estávamos parados no camping do vale dos deuses, e no final do segundo dia lá pelas 23 horas, já nos sacos de dormir, quando o Formigueri falou: "então? vamos fazer o quê? Vamos pra Leste?" O Ricardo responde: "É parece legal!" e  eu completo: "Então fechou! Vamos pra leste!"
Acordamos bem cedo, já tínhamos as coisas arrumadas do dia anterior, mandamos ver um omeletão e dá-lhe pernada pra parede, e as seis e pouco já estávamos entrando na parede, mas o dia estava diferente do dia em que entramos na arco, agora estava frio com bastante nuvens, mas também o sol apareceu, e fomos tocando, e entre uma emoção e outra, Ricardinho que o diga no final da segunda chaminé! kkk, chegamos na base do último estico de corda pro cume e esta honra era do Ricardo, pois seria sua primeira vez no cume do maior, e enquanto aguardávamos na parada, entrou uma friaca sinistra, um vento forte e gélido e eu e o formigueri nos obrigamos a colocar os anoraks por ali mesmo, após breves comemorações no cume, ainda de dia, tocamos em busca dos rapéis da Silvio Mendes.
Anoiteceu e iniciamos os rapéis com muito vento e frio, e após muito bate-queixo, chegamos ao grotão, que era mais protegido do vento, ufa!
Descemos enfim o resto dos rapéis até o platô da base da Abracadabra e Cidade dos Ventos e fizemos os últimos rapéis, e sebo nas canelas até o vale dos deuses.
No outro dia fomos caminhando até a caixa de fósforos, e o "povo" subiu o artificial da caixa, fiquei de boa na base, estava pestiado da friaca do dia anterior.
Lógico que não poderíamos deixar de curtir o delicioso rodízio de pizza do Serginho regado com sua saborosíssima cerveja artesanal.
Enfim foi uma viagem muito legal, camaradas maneiros num lugar alucinante, isso combinado rendeu ótimas aventuras!








































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